Acerola é tão eficaz quanto antioxidante artificial, aponta pesquisa
Estudos desenvolvidos no
Instituto de Química e Biotecnologia analisaram a capacidade antioxidante de
algumas frutas que poderiam substituir aditivos alimentares industrializados
Acerola
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Professora Marília Goulart, do
IQB, colabora nas pesquisas do Laboratório de Eletroquímica
Manuella Soares - jornalista
Muito do que
encontramos nos supermercados, nas farmácias e até nas construções civis,
possui substâncias antioxidantes que servem para a conservação dos produtos
principais, ou aqueles mais nobres nas preparações correspondentes. No caso dos
alimentos, os antioxidantes fazem, por exemplo, a manteiga não ficar rançosa, o
arroz prolongar a validade e o iogurte não azedar facilmente. Do mesmo jeito,
essas moléculas são utilizadas para preservar a funcionalidade de um
medicamento, de um cosmético ou na fabricação do concreto que dificilmente vai
corroer em contato com a maresia.
Um grupo de
pesquisadores do Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade Federal
de Alagoas analisa a capacidade antioxidante de algumas substâncias de origem
natural e de extratos vegetais, na perspectiva de substituir aditivos
utilizados na indústria, que são, geralmente, sintéticos. Um exemplo comum é o
antioxidante BHT (butil-hidroxi-tolueno), encontrado em cosméticos,
remédios, combustíveis e alimentos como arroz, linguiça de porco, chiclete e
flocos de cereais, entre outros.
Algumas
pesquisas foram desenvolvidas em parceria com o Instituto de Ciências
Biológicas e da Saúde (ICBS) da Ufal, a exemplo do trabalho da ex-aluna e atual
docente, Alane Cabral de Oliveira, sob a orientação da professora Marília
Goulart e coorientação de Iara Barros Valentim. Nesse trabalho, foram
utilizados resíduos de acerola, abacaxi e maracujá, visando ao seu
aproveitamento, diminuindo seu descarte como lixo na Cooperativa Pindorama, no
Município de Coruripe. Para obter os resultados esperados, a equipe preparou
farinhas a partir de extratos metanólicos dos resíduos, utilizando diferentes
métodos para cada fruta.
Os resultados
foram surpreendentes. O resíduo de acerola se mostrou o antioxidante mais
completo, capaz de substituir o aditivo alimentar BHT. “Para levar isso adiante
e produzir comercialmente, por exemplo, é preciso uma análise mais detalhada
com alguns experimentos que identificam a quantidade mais eficaz e experimentos
relacionados à segurança alimentar. Não é porque é natural que as pessoas podem
sair por aí tomando, é preciso ter muito cuidado”, explicou a professora
Marília Goulart.
Maracujá
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A pesquisa
também apontou o maracujá como excelente na proteção da membrana celular a
ataques de radicais livres, que são moléculas instáveis, geradas a partir da
redução do oxigênio, ligadas a processos degenerativos e ao envelhecimento,
entre outras doenças.
Salubridade
dos antioxidantes artificiais é questionada
De acordo com a
professora Marília, a literatura científica discute os efeitos mutagênicos e
carcinogênicos dos antioxidantes artificiais, como o BHT. Alguns estudos
relatam a danificação do material genético e a possibilidade de estar
relacionado com alguns tipos de câncer, além de causar problemas no fígado, se
consumido em altas quantidades.
Por causa
destes problemas, o aditivo alimentar já foi banido para uso alimentício em
países como Japão, Romênia, Suécia e Austrália, além do continente europeu. Os
Estados Unidos também o proibiram nos alimentos infantis.
jenipapo
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Jenipapo,
umbu e seriguela
Outra pesquisa
do Instituto de Química e Biotecnologia da Ufal analisou a capacidade
antioxidante do umbu, da seriguela e do jenipapo a partir de extratos de pele,
semente e polpa das frutas tropicais. A tese de doutorado de Cristiane Omena
(PPGQB), docente da Universidade Estadual de Pernambuco (UPE) em Petrolina, sob
orientação do professor Antônio Euzébio Goulart Santana, identificou a semente
e a pele da seriguela e do umbu como os extratos que apresentaram os melhores
efeitos nas atividades antioxidantes, quando comparadas à ação do BHT, do
Trolox e do ácido gálico, usados como padrões.
Umbo
Fonte imagem: http://www.midiaville.com.br/UserFiles/Image/frutas/umbu.jpg
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Já a polpa do
jenipapo apresentou eficácia de 50% a 60% nos ensaios de proteção à membrana, a
chamada peroxidação lipídica, relacionada à alteração de odor e sabor dos
alimentos, diminuindo o tempo de vida útil.
Seriguela
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Os laboratórios
de Eletroquímica e de Pesquisa em Recursos Naturais da Ufal continuam os
estudos com foco em outros extratos de origem vegetal e animal, mas os dados já
publicados incentivam o avanço da ciência. “Guardamos alguns resultados para
gerar patente, mas esse estudo tem informações importantes que escolhemos
compartilhar com a comunidade, porque se trata de uma contribuição científica
de impacto”, comentou Goulart. Estes trabalhos recém-publicados em revistas de
forte fator de impacto encontram-se disponíveis e têm gerado elevado nível de
citações.
pesquisa:
http://www.ufal.edu.br/utilidades/sala-de-imprensa/divulgacao-cientifica/acerola-e-tao-eficaz-quanto-antioxidante-artificial-aponta-pesquisa
imagem:
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